segunda-feira, 11 de abril de 2011

CRISTOLOGIA - ROTEIRO 01

INTRODUÇÃO A CRISTOLOGIA

ROTEIRO DE ESTUDO 01









Introdução

Essa é a questão fundante da Cristologia: Quem é Jesus?

“Quem dizem os homens que eu sou?” Essa pergunta de Jesus a seus discípulos ressoa através dos séculos até hoje e possui a mesma atualidade como quando colocada pela primeira vez em Cesaréia de Filipe .

O Evangelho de Marcos proclama (cf. 8,27-30), comparem as traduções e descubram as semelhanças e as diferenças:

Bíblia do Peregrino:
27 Jesus empreendeu viagem com seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe. No caminho perguntava aos discípulos: Quem dizem os homens que eu sou?
28 Responderam-lhe: João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas.
29 Ele lhes perguntou: E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro respondeu: Tu és o Messias.
30 Então os admoestou para que a ninguém falassem disso .

Bíblia de Jerusalém:

27 Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesaréia de Filipe e, no caminho, perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?”
28 Responderam-lhe: “João Batista; outros, Elias; outros ainda, um dos profetas”.
29 “E vós, perguntou ele, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo”.
30 Então proibiu-os severamente de falar a alguém a seu respeito .

Essa pergunta que Jesus fez há dois mil e onze anos ecoa de século em século para os cristãos de cada geração: Quem vocês dizem que eu sou? Quem é Aquele que curava até as doenças mais temidas da época, trazia os mortos de volta para a vida e libertava as pessoas da dominação do Mal? Por que matar tão cruelmente uma pessoa que andava fazendo o bem para todos? O que significa que ele voltou à vida e continuou a encontrar-se com seus seguidores?

A resposta a essa pergunta não pode ser simplesmente acadêmica. Não há definição teológica que esclareça as perguntas apresentadas a pouco. A resposta deve nascer da fé de um povo cristão peregrino. Existem situações políticas, sociais, religiosas, culturais e até antropológicas e psicológicas que exigem uma resposta aprofundada à antiga pergunta do Evangelho: Quem vocês dizem que eu sou?

Somos herdeiros de uma grande tradição. Nas Escrituras encontramos a Palavra de Deus e as respostas de fé dos primeiros cristãos. Herdamos também os escritos dos primeiros Padres da Igreja e dos grandes teólogos da Idade Média. Nos tempos modernos, antes e depois do Concílio Vaticano II, recebemos os livros de grandes teólogos que eram, ao mesmo tempo, pessoas santas e fiéis à tradição.

Agora, cinqüenta anos depois do Concílio, devemos enfrentar novas crises, exigências e desafios. O Espírito Santo exige de cada cristão e da Igreja toda uma resposta cristológica pessoal traduzida tanto em palavras quanto em ações.

Os primeiros cristãos tinham a mesma fé em Jesus, mas havia uma variedade de ênfases na maneira de exprimi-la:

Paulo: Jesus é o Cristo Crucificado e Ressuscitado.

Marcos: Jesus é o Messias Sofredor.

Mateus: Jesus é o novo Moisés, ele ensina a nova Lei.

Lucas: Jesus, cheio do Espírito Santo, é o Senhor de todos.

João: Jesus é a Palavra de Deus Encarnada.

Os escritores do Segundo Testamento aprofundaram a Cristologia a partir daquilo que Jesus fez no seu ministério e como ele nos salvou. Nos séculos posteriores, os teólogos gregos foram mais ontológicos, isto é, interessavam-se mais em quem era este Jesus que nos poderia salvar? Qual era a relação dele com o Pai? Ele era igual ao Pai? O Concílio de Nicéia afirmou que Ele era verdadeiro Deus, um no ser com o Pai. E o Concílio de Constantinopla definiu que a sua humanidade era genuína e integral.

Na Idade Média, os teólogos mais influentes aprofundaram e explicaram a Cristologia dos grandes Concílios Ecumênicos, especialmente o Concílio de Calcedônia.

Nos últimos duzentos anos houve uma revolução nos estudos sobre o Jesus histórico. Até então os evangelhos eram lidos como biografia. A partir daí, os estudiosos, começaram a lê-los como teologia. Essa mudança exigiu uma conversão .

Cristologia a partir do Nazareno

Encarnação como termo e não como começo da Cristologia.

A encarnação é o ponto de chegada, não o ponto de partida. É a culminância de todo o processo cristológico que começa bem embaixo com a pergunta que já as massas, tomadas de admiração e perplexidade, apresentavam: quem é esse? (cf. Mt 8,27; Mc 4,41; Lc 8,25). A base de tudo é o impacto que o Jesus histórico produziu: sua palavra com força, sua gesta libertadora, sua liberdade face à lei, sua autoridade soberna, depois, sua morte vergonhosa e sua ressurreição gloriosa. Tais fatos, especialmente a ressurreição, radicalizaram a pergunta que todos, apóstolos e discípulos, se planteavam: afinal quem é o Jesus que nós conhecemos e que “ouvimos e que vimos com nossos olhos e que nossas mãos apalparam” (1Jo 1,1)?

Os mais de cinqüenta títulos atribuídos a Jesus, dos mais simples – como mestre, profeta, bom – até os mais sublimes – como Filho de Davi, Filho do Homem, Filho de Deus, Salvador e Deus – visam dar conta da perplexidade e das interrogações suscitadas nas comunidades. Num espaço de tempo de quarenta ou cinqüenta anos após sua morte e ressurreição, Jesus atraiu para si todos os títulos de honra e glória humanos e divinos que circulavam pelo Império Romano. A esse processo de decifração chamamos de cristologia ontem e hoje, processo ainda inacabado, pois não terminamos de entender cabalmente a realidade do Nazareno vivo, morto e ressuscitado.

É preciso esclarecer o que se entende por “Jesus histórico” e por “Cristo da fé”. “Jesus histórico” é o Jesus que pode ser reconstituído pela investigação histórica, aquele homem que viveu e morreu na Palestina do século I, ocupada na época pelos romanos. Já o “Cristo da fé” é aquele anunciado pela Igreja depois da Páscoa, o Cristo dos símbolos de fé e das declarações dogmáticas.

É fácil perceber que esta distinção entre “Cristo da fé” e “Jesus histórico”, não é própria do Segundo Testamento nem da tradição eclesial posterior. Ela só aparece e se desenvolve no mundo moderno, com suas exigências de cientificidade, especialmente no campo da história .

Cristologia é um tratado de teologia, e define-se como o estudo e a discussão a respeito de Jesus de Nazaré, ou de Jesus como o Cristo.

1. Jesus como o Cristo – ênfase na divindade de Jesus – filiação divina, pré-existência – teoria da escola de Alexandria (cf. Jo 1, 1-18) – cristologia descendente.

2. Cristo como Jesus – ênfase na humanidade de Jesus – historicidade, seu caminhar na sociedade de seu tempo orientado para o Reino. Do histórico para o divino. É a teoria da escola de Antioquia (cf. Fl 2,6-11) – cristologia ascendente.

Significados: Messias – Cristo: Ungido – Consagrado (é um título e não um nome próprio – quem recebia era o rei, o profeta e o sacerdote).

Meshiah / Mashiah - Hebraico
Mshecha - Aramaico
Khristós - Grego

Bibliografia utilizada:

BÍBLIA DE JERUSALÉM. 3.ed. rev.at.São Paulo: Paulus, 1994.

BÍBLIA DO PEREGRINO. São Paulo: Paulus, 2000.

BOFF, Leonardo. Jesus Cristo Libertador. Petrópolis: Vozes, 1972.

RUBIO, Alfonso Garcia. O Encontro com Jesus Cristo Vivo – um ensaio de cristologia para nossos dias. 11.ed.São Paulo: Paulinas, 2007.

VV.AA. A História da Palavra II. São Paulo: Siquem / Paulinas, 2005.

VV.AA. Descer da Cruz os Pobres – Cristologia da Libertação. São Paulo: Paulinas, 2007.


Roteiro criado por Emerson Sbardelotti para as aulas de Introdução a Cristologia no Instituto João Maria Vianney - Teologia para Leigos/as - Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida - Cobilândia, Vila Velha - Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.













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