quinta-feira, 23 de junho de 2011

TdL em Mutirão: ESPIRITUALIDADE, TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO & JUVENTUDE

ESPIRITUALIDADE, TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO & JUVENTUDE

No princípio:

O objetivo principal deste texto e dos outros que virão é explicar, é esclarecer, para a juventude que participa das comunidades eclesiais de base o que é a Espiritualidade da Libertação (EdL) e a Teologia da Libertação (TdL), quem são seus principais teóricos e pensadores, e como elas e eles ajudam na caminhada e na construção da Civilização do Amor.

A EdL e a TdL se originaram da e na experiência das primeiras comunidades cristãs na divulgação do Evangelho do Moreno de Nazaré, passando pela iniciativa da Ação Católica Geral e Especializada até se tornarem um movimento extraordinário na segunda metade do século XX na América Latina. Começam a germinar de fato nos desdobramentos do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962 – 1965), com a abertura da Igreja Católica à modernidade, se afirmavam termos como: a Igreja dos Pobres, aggiornamento, sinais dos tempos. O grande nome do Concílio Vaticano II foi o arcebispo de Recife e Olinda: D. Hélder Pessoa Câmara, que alguns anos antes havia criado a CNBB e o CELAM; o arcebispo não fez nenhum discurso, seu trabalho era de articulação e organização nos bastidores, ou melhor, nas catacumbas. D. Hélder foi um dos mentores do Pacto das Catacumbas, uma declaração de extrema beleza, ternura e despojamento, assinado por bispos, que tinham como maior objetivo servirem humildemente, sem nenhuma pompa, honrarias ou benefícios o Povo Santo de Deus.

Na América Latina, o ateísmo nunca foi o principal problema. O problema de ontem e de hoje é a pobreza institucionalizada (econômica e politicamente), que é uma afronta ao Deus Abbá de Jesus de Nazaré; a vivência religiosa irá exigir nos anos seguintes ao Concílio uma gradual e radical transformação da sociedade.

Os novos ares soprados pelo Concílio chegaram na América Latina e deram frutos saborosos com a Conferência dos Bispos em Medellín (1968 – Colômbia). Estava jogada no chão adubado com sangue de Nossa América, as sementes da EdL e da TdL.

Em 1971, o padre Gustavo Gutiérrez escreve a obra fundante: Teologia da Libertação – Perspectivas; dando início a uma série de novos e intensos escritos a partir e sobre a EdL e a TdL. Do lado protestante, os primeiros escritos nesta direção brotam do coração de Rubem Alves. Em 1972, o franciscano Leonardo Boff escreve Jesus Cristo Libertador, iniciando no Brasil todo o debate em torno da EdL e de sua TdL. Em 09 de abril de 1986, o Beato João Paulo II escreveria a CNBB uma carta com estas palavras: “Na medida em que se empenha por encontrar aquelas respostas justas – penetradas de compreensão para com a rica experiência da Igreja neste País, tão eficazes e construtivas quanto possível e ao mesmo tempo consonantes e coerentes com os ensinamentos do Evangelho, da Tradição viva e do perene Magistério da Igreja – estamos convencidos, nós e os Senhores, de que a Teologia da Libertação é não só oportuna mas útil e necessária. Ela deve constituir uma nova etapa – em estreita conexão com as anteriores – daquela reflexão teológica iniciada com a tradição apostólica e continuada com os grandes padres e doutores, com o magistério ordinário e extraordinário e, na época mais recente, com o rico patrimônio da Doutrina Social da Igreja, expressa em documentos que vão da Rerum novarum à Laborens exercens.”



Emerson Sbardelotti

Estudante de Teologia, Historiador, Turismólogo

Coordenador Teológico do Instituto João Maria Vianney - Teologia para Leigos e Agente de Pastoral Leigo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida – Cobilândia, Vila Velha - ES

quarta-feira, 27 de abril de 2011

OFÍCIO DIVINO DA JUVENTUDE - ESPECIAL - 25 ANOS DA PJ CAPIXABA!

OFÍCIO DIVINO DA JUVENTUDE






25 ANOS DA PJ CAPIXABA





1 Chegada

Silêncio... oração pessoal... refrão meditativo...

Vidas pela vida, vidas pelo Reino, vidas pelo Reino.
Todas as nossas vidas, como as suas vidas,
como a Vida d’Ele, o Mártir Jesus!
                                                   
(D. Pedro Casaldáliga / Zé Vicente)

2 Abertura

- Vem, ó Deus da vida; vem nos ajudar, (bis)
Vem, não demores mais, vem nos libertar. (bis)

- Desta caminhada Ele é força e luz, (bis)
É quem nos reanima, é quem nos conduz. (bis)

- O Senhor é Deus, saiba o mundo todo (bis)
Somos o seu rebanho, somos o seu povo. (bis)

- Céus e terra dancem de tanta alegria, (bis)
Deus com sua justiça nos governa e guia! (bis)

- Jovens em romaria, jovens em mutirão, (bis)
25 anos de evangelização. (bis)

- Glória ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito. (bis)
Glória à Trindade Santa, glória ao Deus bendito. (bis)


 
- Aleluia, irmãs, aleluia, irmãos! (bis)
Da Civilização do Amor a Deus louvação! (bis)
                       
(Adaptação: Emerson Sbardelotti – 2011)

3 Recordação da Vida


Trazer à tona os acontecimentos marcantes em 25 anos de caminhada: camisas, documentos, cartazes, bandeiras, fotos e outros que os jovens forem lembrando, rezando e falando.

4 Hino

1. Queremos ser jovens, libertos, doados                               
na causa da vida e do amor empenhados,
abertos, conscientes, bem esclarecidos,
juntar nossas mãos, caminhar mais unidos

Os jovens, teus irmãos, Jesus Senhor.

Têm fome de justiça e de amor!

Sustenta sua luta, seu vigor

na força de teu pão libertador!

2. Em nossa família, na comunidade,
queremos ser luz para a sociedade,
formando Igreja, formando teu povo
na fraternidade, na busca do novo.

3. Estamos dispostos – que Deus nos ajude –
a abrirmos espaço para a juventude.
Que jovem algum seja, pois, excluído
de participar, de também ser ouvido!


4. Nas leis da Nação, no trabalho e estudo,
comunicação, arte, esporte...em tudo,
que, sem leviandades, engano ou violência
respeite-se o jovem e sua consciência!


5. Os jovens são teus! Dá-lhes força e ternura!
Sustenta teu povo na luta tão dura!
E juntos andemos, em fraternidade,
sejamos irmãos, não importa a idade!

6. Se somos felizes, no amor repartido,
daremos apoio ao mais pobre e sofrido;
nas lutas da vida, com Deus cantaremos,
aos outros unidos, com Deus venceremos.

(Elda Secchi / Antonio Colaço – CF 1992)

7. Chega de violência e extermínio de jovens!
Levamos a paz para quem chora e sofre.
Estamos aqui – que Deus nos ajude –
Civilização do Amor: Pastoral da Juventude!
                                              

(Emerson Sbardelotti – 2011)

5 Salmo 133 (132)

“Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13,35).

Neste salmo, inspirado numa velha canção, cantemos a alegria da fraternidade e bendigamos a Deus pela nossa comunhão nestes 25 anos de fé e vida.

Oi, que prazer, que alegria

o nosso encontro de irmãos! (bis)

1. É óleo que nos consagra,
que ungiu teu servo Aarão
é como um banho perfumado,
gostosa é nossa união!

2. Orvalho de alta montanha
que desce sobre Sião.
Sereno da madrugada,
gostosa é nossa união!

3. Senhor, tu nos abençoas,
e a vida vem de porção.
É vida que dura sempre,
gostosa é nossa união!

4. Ao Deus de todas as crenças
a glória e a louvação.
No amor da Santa Trindade,
gostosa é nossa união!

6 Leitura Bíblica

Aclamação

(Música: Reginaldo Veloso / Letra: Emerson Sbardelotti)

Aleluia, aleluia (3 vezes)

Deus te salve, ó juventude
que caminha para a luz.
São 25 anos,
proclamando Cristo Jesus! (bis)

Duas sugestões:
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lc 24, 13-35).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (Jo 21, 1-25).


Sendo oportuno, pode-se trazer a Bíblia em procissão.

7 Meditação – Silêncio...partilha...refrãos meditativos...

8 Preces


Transbordando de alegria e de gratidão, rezemos ao Senhor:

Nós te damos muitas graças, te rogamos, ó Senhor!


• Nós te agradecemos, Senhor, de todo coração, as graças alcançadas, as dificuldades superadas nestes 25 anos de caminhada da Pastoral da Juventude do Estado do Espírito Santo.

• Nós te agradecemos, Senhor, pelo esforço de todas as pessoas que contribuíram para o nosso bem proporcionando esta nossa celebração de irmãos e irmãs.

• Nós te agradecemos, Senhor, pela tua presença no meio de nós e pela tua Palavra que sustenta nossa caminhada.

• Nós te agradecemos, Senhor, pelas vidas que se colocaram em missão e que assumiram o desafio de construir a Civilização do Amor, com garra e determinação.

• Nós te agradecemos, Senhor, pelo testemunho dos mártires capixabas, que não nos deixam esquecer, que há muito trabalho a ser feito em favor da evangelização da juventude.

Preces espontâneas...


Pai nosso

Oremos:

Cantamos a tua glória, ó Deus de bondade e ternura! Nós te agradecemos por tantos sinais de teu amor, especialmente pela Pastoral da Juventude do Estado do Espírito Santo na comemoração dos seus 25 anos de fé e vida. Renova conosco a tua aliança e dá-nos a graça de responder sempre ao teu amor. Fortalece o nosso compromisso de solidariedade. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!

9 Bênção


A bênção do Deus de Sara, Abraão e Agar,
a bênção do Deus Filho, nascido de Maria,
a bênção do Espírito Santo de Amor
que cuida com carinho,
qual mãe cuida da gente,
esteja sobre todos nós.
Amém!

10 Saideira

Caminhamos pela luz de Deus,
caminhamos pela luz de Deus.
Caminhamos, sempre, caminhamos, ôô
caminhamos pela luz de Deus.





FICHA TÉCNICA – OFÍCIO DIVINO DA JUVENTUDE – 25 ANOS DA PJ CAPIXABA – 2011 – INSTITUTO CAPIXABA DE JUVENTUDE DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – ICJ-ES.


REFERÊNCIAS

CNBB. Juventude, Caminho Aberto – manual da CF 1992 – cantos. São Paulo: Salesiana: 1991.

OFÍCIO DIVINO DAS COMUNIDADES. 11.ed.São Paulo: Paulus, 1994.

OFÍCIO DIVINO DA JUVENTUDE. 4.ed.Goiânia: CAJU, 2009.

TAVARES, Emerson Sbardelotti. O Mistério e o Sopro – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens. Brasília: CPP, 2005.

_________. Utopia Poética. São Leopoldo: CEBI, 2007.



LOGOMARCA: Emerson Sbardelotti Tavares (Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida – Cobilândia, Vila Velha – Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo) e Thiesco Francisco Crisóstomo de Oliveira (Secretário Nacional da Pastoral da Juventude) – 10.01.2011.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Entrevista: Emerson Sbardelotti - Blog Chat Nacional da PJ

Neste domingo, 24 de abril de 2011, o Blog Chat Nacional da Pastoral da Juventude entrevistou o poeta, escritor e assessor Emerson Sbardelotti Tavares...ele falou da sua caminhada na PJ, novos projetos, sonhos e alegrias... você encontra esta entrevista aqui e  clicando no link: http://chatpjnacional.blogspot.com/


Emerson Sbardelotti Tavares


Cidade: Vila Velha

Estado: Espírito Santo

Idade: 38 anos

Email: emersonpjbes@hotmail.com ou sbardelotti@gmail.com

Msn: emersonpjbes@hotmail.com

Orkut: ® Emerson Sbardelotti ®

Facebook: Emerson Sbardelotti

Blog: http://omisterioeautopia.blogspot.com/

Twitter: @poetaemerson

Outro(s): http://clube-ccac.ning.com/profile/EmersonSbardelotti
Estado Civil: solteiro


Quais suas principais características?

Gosto da minha barba que está quase toda branca.Tenho um sorriso acolhedor e um olhar misterioso. Sou carinhoso, atencioso, muito direto e verdadeiro em tudo na vida. Mas sei pedir desculpa quando erro, peço na hora, não deixo para depois.
Sou de festejar todas as minhas vitórias, por menores que elas sejam.
Tenho uma personalidade forte: 8 ou 80 – ou me ama ou me odeia. Não sou de levar desaforo para casa. Não gosto de conviver com gente dissimulada e mentirosa. Verdade pra mim é tudo. Tenho um temperamento que já foi difícil, explosivo, mas hoje, é tratado à base do diálogo e do encontro, penso muito antes de falar qualquer coisa, acredito que encontrei a ternura de viver.

Quais as origens da sua família?

Por parte de pai, vim ao mundo do encontro de negros com portugueses. Meu avô paterno foi tataraneto de escravos que foram levados para Aracajú – SE. Quando meu pai veio com meu avô de Sergipe, moraram no norte do Estado do Espírito Santo, interior, município de João Neiva, meu avô fazia sinos para a Igreja. Por parte de mãe, vim ao mundo do encontro de italianos (meu avô) com alemães (minha avó). Meus avôs eram descendentes de imigrantes, foram morar em Vargem Alta, depois, Alto Caldeirão, e depois em Santa Tereza, cidades do interior do ES, só depois já na década de 60 vieram morar na capital, Vitória. Meu avô era um dos melhores pedreiros e carpinteiros da região. Minha avó era do lar.

Estudante? Qual o Curso?

Sim. Teologia – no Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.

De que forma você relaciona sua opção "profissional" com sua caminhada pastoral? Em sua opinião, há algum ponto em comum entre elas?

Meu primeiro curso superior foi Turismo, atuei em hotéis, pousadas, trabalhei em eventos, desde 2008 leciono no Curso Técnico em Turismo e Hospedagem. Fiz uma complementação pedagógica que me licenciou em História, curso que adoro e que leciono no pré-vestibular popular que coordeno desde 1998. Agora estudando Teologia, posso colaborar ainda mais na Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, de Cobilândia, que é a que patrocina o meu estudo; sem essa confiança, eu não conseguiria nunca fazer este curso superior.

Sempre procurei unir todos os cursos que fiz na minha trajetória profissional com a minha caminhada pastoral. Há muitos pontos em comum, pois tudo o que aprendi na Comunidade Eclesial de Base e na Pastoral da Juventude levei para dentro da Academia, inclusive essa caminhada, me fez ser diferente dos outros estudantes, pois o fato de estar sempre envolvido com temas sociais, facilitou na hora de defender uma tese, partilhar uma idéia, ou até mesmo apresentar um trabalho na frente da turma.

Com quais atividades você ocupa seu tempo?

No momento estou começando a fazer a minha monografia que tem como tema: ECOTEOLOGIA: DO GRITO DOS POBRES AO GRITO DA TERRA, NA PERSPECTIVA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO EM LEONARDO BOFF! Portanto, estou lendo vários livros, fazendo anotações, escrevendo para pessoas que possam ler o que escrevo.

Tenho participado dos ensaios da banda Utópicos Urbanos, banda cover oficial do Barão Vermelho no Estado do Espírito Santo, onde sou o vocalista. Leciono as matérias: Segundo Testamento e Cristologia, no Instituto João Maria Vianney – Teologia para Leigos – Paróquia de Cobilândia. Sábado e domingo, quando não tenho shows, estou à disposição das comunidades de base da Paróquia, assessorando e ou fazendo a homilia/partilha da Palavra.

Algum dom artístico?

Sou vocalista, letrista, tenho várias composições pé-no-chão (que estão no meu site acima citado), conto piada, tenho dois livros publicados: o primeiro é O Mistério e o Sopro – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens. O segundo livro: Utopia Poética.

O que gostaria que todos soubessem sobre sua Historia?

Nasci no dia 13 de setembro de 1972, Vitória – Espírito Santo. Minha atuação sempre foi com Juventude: Pastoral da Juventude, Crisma, Música.Faço conferências nas áreas de Espiritualidade e Mística, Juventude, Bíblia e Liturgia.Sou adepto da Teologia da Libertação.Do passado, só me arrependo de não ter feito tudo o que fiz melhor.

Onde, com quem, como você conheceu a Pastoral da Juventude?


Comecei minhas atividades pastorais em 1980, quando fiz a Primeira Eucaristia na Igreja Matriz, depois de alguns anos fui servir na equipe de catequese da comunidade eclesial de base Nossa Senhora do Magnificat. Conheci a Pastoral da Juventude em 1985, nas comemorações do Ano Internacional da Juventude, no Ginásio Dom Bosco-Salesiano, Vitória-ES. Participei de todas as instâncias da PJ: grupo, paróquia, área pastoral, coordenação arquidiocesana, fui secretário arquidiocesano na passagem dos anos 80 para 90, e micro-capixaba (as quatro dioceses capixabas) ou Sub-Regional Leste II. Participei da equipe que elaborou o projeto Momento Novo – projeto de formação de lideranças jovens; da equipe que planejou o projeto Germinando – projeto de formação para coordenadores paroquiais e de grupos de jovens.

E hoje? Participa de algum grupo de base? Qual?

Estou re-começando a acompanhar alguns grupos de jovens na Paróquia de Cobilândia, que sentiram vontade de conhecer o trabalho da PJ, que havia desaparecido da região depois do afastamento espontâneo de várias lideranças. Fui convidado para falar sobre a Realidade Histórica da PJ: sua proposta e mística. Estou chegando bem devagar, pois já tive pressa, vou levando um sorriso, pois já chorei demais. Estou indo nas reuniões apenas para ouvir, fico no meu canto, anotando as conclusões, os desejos, as insatisfações e rezando para que não desistam do caminho pedregoso que querem seguir. Acredito que participo de todos estes grupos, levando o meu abraço e caminhando junto.

Quais as principais atividades do grupo onde você participa?


Os grupos que comecei a acompanhar ainda estão na fase de nucleação da PJ, pois a experiência anterior eram de grupos do EJC + Oração, portanto, a caminhada será longa, mas eles estão animados com a novidade: PJ (mística, pedagogia, proposta libertadora).
As atividades principais destes grupos são todas voltadas para ajudar as equipes nas comunidades onde estão inseridos. Alguns estão na equipe de Crisma, outros nas equipes de Liturgia e Música. Não há uma equipe de coordenação paroquial, nem se comenta sobre isso ainda.

Cite um momento marcante do grupo!


A criação do GRUAL – Projeto Rumo a Universidade, inteiramente grátis, para pessoas de baixa renda e oriundas do ensino público.
A apresentação teatral da música PELOS CAMINHOS DA AMÉRICA num show do Zé Vicente.

Sabemos que a Pastoral já teve importante papel na história, politicamente. E hoje, de que forma você acredita que a PJ vem contribuindo com a sociedade?


Nas dioceses em que o Setor Juventude, realmente assumiu o seu papel, de acordo com o documento 85 da CNBB: Evangelização da Juventude; o trabalho da PJ na esfera sócio-política tem dado bons frutos. Veja as campanhas que são encabeçadas pela PJ, é trabalho sério, de gente séria. Mas isso ainda é pouco, pois enquanto existir a pobreza, a exclusão, a discriminação, a fome, não estaremos na herança do Reino.
Como diria meu amigo D. Pedro Casaldáliga: Na vida tudo é política... “Todo es politico. Aunque lo político no lo es todo (Tudo é político. Mesmo que o político não seja tudo)”.
É claro que há várias lideranças dentro da Igreja e algumas, infelizmente, dentro da própria PJ, que sempre irão virar a cara para as ações e atividades que a PJ realiza, pois ainda possuem aquele velho pensamento de que a PJ é uma tendência do Partido dos Trabalhadores, que não possui espiritualidade, que não reza, que só serve para animar festa de comunidade. Generalização não leva a nada.
E o que fazer nesta hora de desânimo? Levantar, tirar a poeira dos pés e seguir em frente.
A PJ não tem hoje a mesma visibilidade que tinha nas décadas de 80 e 90, mas sua estética evangélica, sua adesão popular, sua profecia itinerante, não pode se calar diante às forças da morte, que imperam no Brasil. A pior violência a ser enfrentada pela PJ é a violência política: o mal enraizado nas esferas de poder: municipal, estadual e federal. Digo isso, pois a cada dia, sempre é aprovado um projeto, uma lei que favorece a elite deste país, e aumenta ainda mais o estado de miséria da população. Não há leis no país que protejam de fato as juventudes. Os estatutos são dúbios, respondem a interesses não muito claros, dão margem a várias interpretações, menos aquela que deveria de fato resguardar a dignidade humana das juventudes.

Além da Pastoral da Juventude, dentro da Igreja Católica você tem algum outro tipo de engajamento?

Tenho me dedicado ao Instituto João Maria Vianney, lecionando Primeiro Testamento, Cristologia, História da Igreja. Em assessorar as equipes de serviço da Paróquia de Cobilândia. Em conhecer o povo das comunidades, para sempre mais falar como o povo e viver como o povo vive. Quando faço isso, um pouquinho que seja, sinto Deus em todo o meu corpo, em todo o meu ser...só consigo entender o mundo assim, pois sinto Deus nestas pessoas da Paróquia.

E fora? Está envolvido em algum outro movimento?


Estou envolvido na legalização enquanto ONG e depois OSCIPE do INSTITUTO CAPIXABA DE JUVENTUDE – ESPÍRITO SANTO (ICJ-ES), que era um sonho meu e de mais uns sete militantes da PJ que hoje atuam em outras equipes dentro e fora da Igreja. A primeira ação concreta foi o pré-vestibular popular COMUNA (Comunidade Ativa) que atende 30 jovens oriundos da rede pública estadual, onde todos os professores são voluntários e são da Paróquia e que todos os anos colocam de 7 a 10 jovens na UFES e alguns em outras instituições de ensino superior.
O ICJ-ES tem além do pré-vestibular popular, uma parceria com a Banda de Congo São Benedito da Glória, o projeto Criança Congo, onde crianças de rua aprendem a fazer instrumentos do Congo e a cantar e a dançar.

De que forma gostaria de ser lembrado pela posteridade?

Eu queria ser lembrado como um poeta pé-no-chão, um humilde trabalhador do Reino... e neste momento, me sentindo como o salmista que, pensando em si e para si mesmo sentenciava: “Considerando os dias passados, tenho os olhos voltados para a eternidade!”
Ou então, por aquela fala antiga: “E quando chegar a hora, a hora suprema do encontro, que me perguntarás, ó meu Deus? Pouco importa o que dirás. Silencioso. Apenas mostrarei as mãos deformadas pelo trabalho. E abrirei o coração cheio dos nomes que amei!”

Que mensagem gostaria de deixar para as pejoteiras e pejoteiros que estão lendo tua entrevista agora?

Não desistam de seus sonhos, por menores que sejam.
Não desistam da Paz militante do Reino da Vida.
Não desistam do martírio e nem brinquem com o sangue dos mártires.
Não desistam da unidade, mesmo que todos falem o contrário.
Não abram mão de serem apenas vocês mesmos, com todos os erros e acertos que possam caber dentro de vocês.
Não abram mão de amarem e serem amados.
Não abram mão do estudo, da leitura e do escrever.
Não abram mão do diálogo e do encontro, pessoal e real, pois a virtualidade nos afasta mais do que nos aproxima.
Não abram mão da coletividade, do comunitário.
Não sofram por antecedência, vivam a cada dia, a cada segundo, sabendo que Deus é Abbá, que Deus tem entranhas.
Não sofram demais pelas derrotas, mas vibrem muito por cada pequena ou grande vitória na caminhada de vocês.
Não se esqueçam que as pedras estão no caminho apenas para lembrar que problemas foram feitos para serem vencidos.
Não deixe nunca de sorrir, não há arma melhor do que um lindo sorriso.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

"O QUE EU FIZ POR VÓS, FAZEI-O VÓS TAMBÉM"

INSTITUTO CAPIXABA DE JUVENTUDE DO ESPÍRITO SANTO – ICJ-ES

NOSSA ESPIRITUALIDADE BÍBLICO – LITÚRGICA

QUINTA – FEIRA SANTA – 21.04.2011

 

“O QUE EU FIZ POR VÓS, FAZEI – O VÓS TAMBÉM”










“Jesus, erguendo-se da Ceia, jarro e bacia tomou, lavou os pés dos discípulos, este exemplo nos deixou. Aos pés de Pedro inclinou-se. Ó Mestre, não, por quem és! Não terás parte comigo, se não lavar os teus pés! – Valdeci Farias – Cd Liturgia III – Cantos Litúrgicos, Paulus, 2000”.


Para início de conversa

No Evangelho de João que proclamamos hoje, Jesus, sendo um judeu educado nas tradições e na sensibilidade de seu povo convida a todos a servirem o Reino de Deus a partir da defesa da vida, lavando os pés uns dos outros, gesto de humildade e de encontro. O Evangelho de João não relata a instituição da Eucaristia, mas mostra Jesus fazendo algo que está bem dentro do espírito da presença que Ele quer no meio de nós. Ele lava os pés de seus discípulos, e apresenta-se como servidor daqueles a quem evangeliza, respeitando o modo de ser de cada um, indo ao encontro. Na celebração desta Nova Aliança ele faz o memorial-presença do amor como sinal definitivo do Pai em nosso meio. Não se fala dela mas, a Eucaristia alimenta a nossa identidade de cristãos: dizendo quem somos, com quem queremos andar pela vida. Jesus é o nosso companheiro de caminhada. Nas palavras da Igreja: somos a comunidade dos discípulos reunidos com Jesus na Eucaristia, hoje, sendo servidores.


Contextualizando a vida com o Evangelho do Dia do Senhor – Jo 13, 1-15.

Jesus está fazendo a sua despedida depois de três anos de formação na convivência e na ação. Como estaria vivendo naquele final do século I a comunidade joanina que reflete o Evangelho de hoje? Com certeza: reduzida, acuada, rachada por problemas internos, mas com a certeza de que o Senhor continuava sempre presente, e por isso era fortalecida por seu Espírito.
E as nossas comunidades hoje? E os nossos grupos de jovens? E a Pastoral da Juventude? Estaríamos vivendo os mesmos problemas hoje?
É necessário olhar com o coração e com a alma para este texto que é carregado de emoção, pois ele trata de realidades sofridas, refletidas e rezadas e que mexem com o nosso ser por exemplo quando olhamos para a sociedade tão violenta e gritamos: “Chega de violência e extermínio de Jovens!”
Encontramos Jesus e o seu grupo, agora bem restrito de discípulos, os mais íntimos, que cabem numa sala, reclinados sobre um tapete. Não há mais conversas, não há debates, somente Jesus é que fala. Ele que liderou o grupo por três anos, está no fim da sua missão, no fim da vida; não quer deixar os seus sem antes recordar-lhes as coisas mais importantes do tempo que passou com eles; aproveita para revelar aspectos novos, fundamentais para a continuação de seu projeto, começando pelo exemplo do serviço ao outro.
Somente no Evangelho de João iremos encontrar a narrativa do lava-pés e uma longa fala de Jesus a seus discípulos, ele não relata a última ceia de Jesus, como fazem Paulo e os evangelhos sinóticos, pois supõe que as comunidades já a conheçam. Está chegando a Páscoa, a Hora de Jesus passar deste mundo para o Pai. É a hora da consumação de sua doação total. É o seu êxodo definitivo. Pela cruz deverá deixar esse mundo e ir para o Pai. Os discípulos continuarão nele e serão os responsáveis pela divulgação de sua obra.
Jesus é o modelo do verdadeiro amor. Ao lavar os pés dos discípulos institui o caminho que garante as relações de igualdade e justiça: o serviço mútuo.
O lava-pés é bem e didático.
Por ser a região quente e empoeirada, lavar os pés dos visitantes era ato costumeiro de cortesia e respeito, realizado por um empregado, pela esposa, filho ou filha e, ao que parece, por discípulos ao mestre. Com Jesus é diferente: é Ele, o Mestre e Senhor, que lava os pés dos discípulos. E nos chama deste modo: “Vocês dizem que eu sou o Mestre e o Senhor. E vocês tem razão...Vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo: vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz”.
O gesto do lava-pés é, por excelência, o modelo de comportamento que os seguidores de Jesus deverão seguir. O Mestre e Senhor se faz servo de seus discípulos, também daquele que iria traí-lo. É o modelo de amor incondicional, como revelou toda a sua missão e estadia no meio de nós. É o amor como doação plena. Cai por terra todo espírito de poder, a vingança e toda espécie de violência. Os valores que dominam a sociedade são por Jesus invertidos, constituindo assim uma nova comunidade humana onde o serviço mútuo deve vir sempre em primeiro lugar.
Não pode haver desigualdade na comunidade dos discípulos.
Jesus não quer distâncias entre seus discípulos. Pelo contrário: ter autoridade significa estar a serviço, lavar os pés. Isto vale para todos, iniciantes, militantes e assessores da Pastoral da Juventude, do catequista ao padre, bispo e papa.
Que o lava-pés não seja apenas um rito bonito e fácil de ser realizado na semana santa, mas que haja coerência com as atitudes de acolhida, carinho, respeito, dedicação que quem despe o manto do poder autoritário e de títulos que só querem homenagear.
Lavar os pés significa promover a participação de todos no que diz respeito ao bem da comunidade, cada um com seus dons e na sua função, todos com a mesma dignidade.
O espírito do lava-pés é o serviço, marca registrada do projeto e do comportamento de Jesus perante o seu povo, perante o seu Deus, pois só vive em comunhão quem sabe tratar os outros como irmãs e irmãos.


Emerson Sbardelotti

Autor de O MISTÉRIO E O SOPRO – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens. Brasília: CPP, 2005.
Autor de UTOPIA POÉTICA. São Leopoldo: CEBI, 2007.
Estudante do Curso Superior de Teologia do Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.
Coordenador Teológico do Instituto João Maria Vianney – Teologia para Leigos/as da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Cobilândia, Vila Velha – ES.
Ilustração de Maximino Cerezo Marredo: http://servicioskoinonia.org/cerezo/




quarta-feira, 20 de abril de 2011

PLANEJAMENTO PASTORAL DE UM GRUPO DE JOVENS

PLANEJAMENTO PASTORAL DE UM GRUPO DE JOVENS


Apresentação

A Pastoral da Juventude do Estado do Espírito Santo completa 25 anos de existência, de fé e vida no meio da juventude do campo e da cidade.

Em todo esse tempo, a PJ Capixaba se preocupou com o processo de formação da fé de seus militantes, como também, do projeto de vida, que cada um, cada uma iria construir a partir do que fosse vivido, experimentado nas reuniões, encontros, acampamentos juvenis (retiros), assembléias etc.

É um desejo do Instituto Capixaba de Juventude do Estado do Espírito Santo – ICJ-ES, ajudar os grupos de jovens na construção de seus projetos de vida a partir da reflexão sobre planejamento pastoral.

As dicas que se seguem não estão fechadas, são apenas o início da conversa; cada grupo de jovem, cada jovem, buscará na medida do possível se aprofundar na leitura e nos temas aqui abordados.

Texto bíblico
Iniciamos a caminhada no planejamento pastoral de um grupo de jovens a partir de um texto bíblico. A Palavra de Deus sempre ilumina os passos da PJ Capixaba e sempre irá iluminar os passos dos grupos de jovens.

Usamos as citações da TEB – Tradução Ecumênica da Bíblia (São Paulo: Loyola, Paulinas, 1996) na íntegra.

Citamos o encontro de Moisés com Iitrô (Jetro) em Ex 18, 1-27.

Um planejamento bem feito, transforma a vida grupal e pessoal, tornando-se fácil para organizar e administrar.
1 Iitrô, sacerdote de Midian, sogro de Moisés, ouviu falar de tudo o que Deus havia feito por Moisés e por Israel, seu povo: o SENHOR fizera Israel sair do Egito! 2 Iitrô, sogro de Moisés, acolheu Siporá, mulher de Moisés – depois que ela tinha sido mandada de volta – 3 e seus dois filhos: um deles chamado Guershom – migrante-ali – pois havia dito: “Sou um migrante em terra estrangeira”; 4 o outro recebeu o nome de Eliézer – meu Deus é socorro –, pois: “Foi o Deus de meu pai que veio em meu socorro e me livrou da espada do Faraó”. 5 Iitrô, sogro de Moisés, seus filhos e sua mulher foram ao encontro de Moisés, no deserto, onde estava acampado, junto à montanha de Deus. 6 Ele mandou dizer a Moisés: “Eu, Iitrô, teu sogro, estou vindo ao teu encontro, bem como tua mulher, e seus dois filhos com ela”. 7 Moisés saiu ao encontro do sogro, prostrou-se e o beijou. Trocaram saudações e entraram na tenda.

8 Moisés contou ao sogro tudo o que o SENHOR havia feito a Faraó e ao Egito por causa de Israel, todas as dificuldades surgidas no caminho, das quais o SENHOR os tinha livrado. 9 Iitrô exultou com todo o bem que o SENHOR tinha feito a Israel libertando-o da mão dos egípcios. 10 E Iitrô disse: “Bendito seja o SENHOR, que vos libertou da mão dos egípcios e da mão do Faraó, que libertou o povo da mão dos egípcios! 11 Agora reconheço que o SENHOR foi maior que todos os deuses, não obstante a fúria deles contra os seus”. 12 Iitrô, sogro de Moisés, participou de um holocausto e de sacrifícios oferecidos a Deus. Aarão e todos os anciãos de Israel vieram comer a refeição diante de Deus, com o sogro de Moisés.

13 Ora, no dia seguinte, Moisés sentou-se para julgar o povo, e o povo ficou diante de Moisés, desde a manhã até o anoitecer. 14 O sogro de Moisés viu tudo o que ele fazia pelo povo. “Que estás fazendo pelo povo?”, disse ele. “Por que atendes tu sozinho, enquanto o povo todo fica postado diante de ti, da manhã até a noite?” 15 Moisés respondeu ao sogro: “É que o povo vem a mim para consultar a Deus. 16 Se tem um litígio, eles me procuram. Julgo a questão que cada um tem com seu próximo e dou a conhecer os decretos de Deus e suas leis”. 17 O sogro de Moisés lhe disse: “Tua maneira de agir não é boa. 18 Vais te esgotar, e o mesmo acontecerá com este povo que está contigo. A tarefa é muito pesada para ti. Não podes cumpri-la sozinho. 19 Agora, ouve a minha voz! Dou-te um conselho, e que Deus esteja contigo! Sê, pois, o representante do povo diante de Deus: apresentarás os problemas a Deus, 20 informará as pessoas sobre os decretos e as leis, fazendo-as conhecer o caminho a seguir e a conduta a tomar. 21 E mais: escolherás, dentre todo o povo, homens de valor tementes a Deus, dignos de confiança, incorruptíveis, e os estabelecerás como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez. 22 Eles julgarão o povo permanentemente. A ti apresentarão só os assuntos mais graves; o que for menos importante, eles mesmo julgarão. Alivia a tua carga. Que eles te ajudem a carregá-la. 23 Se fizeres isso, Deus te dará as suas ordens, tu poderás agüentar e, além disso, todo esse povo voltará para casa em paz”. 24 Moisés escutou a voz de seu sogro e fez tudo o que ele lhe dissera. 25 Em todo Israel, Moisés escolheu homens de valor e os pôs à frente do povo: chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez. 26 Eles julgavam o povo permanentemente. A Moisés apresentavam o que era mais grave, mas o que era menos importante, eles mesmo o julgavam.

27 E Moisés deixou partir seu sogro, que voltou à sua terra.

Algumas questões ajudarão a entender melhor o texto:
1. Qual é o contexto da passagem bíblica? O momento era favorável para o encontro entre Moisés e o seu sogro? Por quê?
2. Qual é o resultado do conselho dado por Iitrô? Ele serviria para nossos grupos hoje? Por quê?
3. O que pode ser aproveitado como compromisso prático do texto bíblico para a nossa vida em grupo de jovens?


Conceitos e Definições

O que é Planejamento?

É um processo de tomada de decisões. Se entende processo como uma série de ações, de reuniões, discussões, reflexões e decisões envolvendo todos os participantes do grupo de jovens. É pensar antes, durante e depois da ação.

O que é Ação?

É o ato de interferir na realidade. Este ato pode ser planejado ou não. No primeiro caso nós teremos uma ação que tem tudo para ser eficaz e que provocará transformações. No segundo caso nós teremos ativismo, que certamente não vai levar a nada. Irá deixar todo mundo iludido de ter feito uma coisa boa, nada mais do que isso.

O planejamento participativo é um processo altamente importante porque é profundamente questionador.

Quem se acha o dono da verdade, quem é autoritário, quem é acomodado, não quer saber de planejamento.

Dentro da ação se faz distinção entre a pessoa ser eficaz, ser eficiente e ser efetivo:

O que é eficaz?

Refere-se a fazer o que deve ser feito. Este conceito tem a ver com o foco em uma determinada direção (visão) e concentração de energia (recursos humanos, materiais e financeiros) para a execução da missão.

O que é eficiente?

Refere-se a como fazer o que tem para ser feito. Este conceito refere-se a como as “coisas” são feitas, aos valores, à visão, comportamentos, atitudes, métodos, procedimentos e estilos e está na presente em toda a empresa.

O que é efetivo?

Refere-se a fazer certo as coisas certas, com qualidade. Este conceito engloba os dois anteriores, acrescido da qualidade.

O que é Plano?

É o registro das decisões tomadas participativamente pelo grupo que esteve envolvido no processo de planejamento.

Planejamento não é fazer Plano e nem tampouco escrever um cronograma ou um calendário de atividades pura e simplesmente. Nisso tudo, o mais importante é o processo de tomada de decisões (o planejamento), e não o registro dessas decisões (o plano em si).

Três Metodologias de Planejamento

1ª. metodologia: planejar para o grupo – o poder é exercido de maneira dominadora, ditatorial.

A participação do grupo quanto à preparação / elaboração do plano é nula, quanto à sua execução, é imposta, e quanto resultado, é imposto.

2ª. metodologia: planejar com o grupo – o poder é exercido como um poder a serviço.

A participação do grupo na preparação / elaboração do plano é controlada, na execução do plano, acontece a partir de uma conciliação, e no resultado do plano é de uma forma negociada.

3ª. metodologia: é o planejamento do grupo – o poder é exercido como um serviço.

A participação do grupo tanto na preparação / elaboração do plano, quanto em sua execução e no seu resultado é co-responsável e de co-munhão.

Partes de um Planejamento

Estamos buscando compreender juntos como se realiza um planejamento, não é mesmo?

Para descrever isso precisamos nos orientar por alguns passos metodológicos. A palavra metodologia é de origem grega (metà = através de; odos = caminho), e significa uma ação realizada através de um caminho constante e seguro.

Um planejamento é composto de três partes essenciais:

a) Um ponto de referência, chamado marco referencial.

b) Uma tomada de pulso, chamada diagnóstico.

c) Uma organização das ações, chamada prognóstico.

O Marco Referencial

É o ponto de referência de um planejamento pelo qual se vai orientar o grupo, por onde ele precisa seguir com o seu trabalho, perseguindo assim o que deseja.

É a primeira parte do planejamento que tem três partes bem distintas:

1. Marco Situacional – descreve a realidade onde desenvolvemos nossa ação.

2. Marco Doutrinal – diz para que nós vamos agir.

3. Marco Operativo – nos orienta como vamos realizar nossa ação.

O que é o marco situacional?

É a parte do planejamento que descreve a realidade em que vivemos e trabalhamos, ou em que vamos trabalhar e viver. É o grupo de jovens falando e descrevendo sobre o chão em que pisa, sobre o ambiente todo, sobre a vida em todos os sentidos.

O que é o marco doutrinal?

É a parte do planejamento que vai indicar para que o grupo está fazendo o planejamento e escrevendo um plano. Em outras palavras, pretende mostrar onde o grupo quer chegar com o auxílio do plano realizado. É o nosso sonho, a nossa esperança de realização maior, mas com respeito, encontro e diálogo.

O que é o marco operativo?

É a tomada de posição do grupo que está fazendo o planejamento, com relação à linha de ação a ser assumida para transformar a sociedade em que vive. Indica como o grupo quer agir.

É o momento de tomar decisões concretas sobre o grupo vai se organizar de modo planejado e assumido por todos. Neste ponto é preciso que fique bem claro a co-responsabilidade na busca da maneira de agir que vai ser assumida por todos os seus membros para levar a cabo o plano que foi escrito pelo grupo de jovens.

O Diagnóstico

Sem estabelecer antes um marco referencial é impossível fazer qualquer diagnóstico, porque faltariam os critérios de comparação entre o real e o ideal.

É preciso lembrar que: para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve!

A palavra vem do grego, διαγηοστικόη, seu significado no latim diagnosticu (dia = "através de, durante, por meio de" + gnosticu = "alusivo ao conhecimento de"), vem a ser:

1. Conhecimento (efetivo ou em confirmação) sobre algo, ao momento do seu exame.

2. Descrição minuciosa de algo, feita pelo examinador, classificador ou pesquisador.

3. Juízo declarado ou proferido sobre a característica, a composição, o comportamento, a natureza etc. de algo, com base nos dados e/ou informações deste obtidos por meio de exame.

Diagnóstico pastoral é um discernimento cristão da realidade, ponto de partida para uma ação transformadora que procura perceber os avanços conseguidos; constatar os limites, as dificuldades, os problemas; estabelecer as necessidades mais urgentes (as prioridades) para a construção do Reino de Deus.

Para a realização de um bom diagnóstico deve-se levar em conta alguns passos concretos:

1º. Passo – AVANÇOS.

A palavra avanços, quer dizer: coisas boas que foram realizadas pelo grupo.

2º. Passo – LIMITES.

A palavra limites, quer dizer: o que o grupo não conseguiu fazer; o que atrapalhou a caminhada do grupo.

Para resolver corretamente um problema deve-se responder às seguintes perguntas: Como se manifesta o problema? Quais são seus reais dados indicadores? Quais as suas causas aparentes, imediatas, secundárias, principais? Quais os aspectos que o problema atinge?

3º. Passo – NECESSIDADES.

A palavra necessidades, quer dizer: tudo aquilo que o grupo precisa fazer.

A partir dos avanços e dos limites, o grupo deve determinar, listar as necessidades mais urgentes em termos de reforçar os avanços e superar os limites e os problemas.

As necessidades que são possíveis e realizáveis são determinadas a partir dos critérios estabelecidos no marco doutrinal e no marco operativo.

Entre as necessidades que o grupo irá constatar a partir do marco doutrinal e do marco operativo, as que serão mais urgentes de serem realizadas serão chamadas de prioridades e devem ser as primeiras a serem enfrentadas.

Somente dando cada passo, um de cada vez, é que com clareza o grupo conseguirá realizar o seu objetivo.

O Prognóstico

No diagnóstico procuramos definir e classificar as principais necessidades (prioridades) que afetam a nossa ação. Agora trata-se de fazer um prognóstico para enfrentar essas necessidades e problemas ou para reforçar as ações que já são sinal do Reino de Deus, a fim de transformar a situação existente.

A palavra vem do grego, προγνωστικό, seu significado no latim prognosticu (pro = "antecipado, anterior, prévio" + gnosticu = "alusivo ao conhecimento de"), vem a ser:

1. Conhecimento (efetivo ou a se confirmar) antecipado ou prévio sobre algo.

2. Conjectura sobre o desenvolvimento de um negócio qualquer, de uma situação, etc.

3. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, acerca da duração, evolução e termo de uma doença.

4. Predição, agouro, presságio, profecia, relativos a qualquer assunto.

No prognóstico é necessário registrar ações concretas em passos determinados; indicar por quanto tempo vai durar o que se programa para buscar soluções para as urgências constatadas; ter presente as reais possibilidades de execução, quais pessoas, que recursos.

Dentro das partes de um planejamento é nessário saber o que é um objetivo, o que são políticas e estratégias, o que são rotinas ou atividades permanentes, as instruções de execução, e por último , e não menos importante a avaliação do planejamento. Ainda animados? Vamos a elas!

O que é um Objetivo?

É a expressão do que se quer alcançar (o que?) e também a expressão da razão pela qual se deseja alcançar determinado resultado na ação, a sua finalidade (para que?).

É o resultado final, perseguido por ações concretas que devam ser bem definidas; desencadeem um processo de mudanças de atitudes nas pessoas; apresentem razões que convençam; durem um tempo determinado; interfiram na estrutura existente; provoquem revisão, transformação e mudanças na estrutura viciada; que levem a construção de novos paradigmas.

O que são Políticas e Estratégias?

Num processo de planejamento, o que são políticas?

São linhas comuns de ação assumidas por todas as pessoas envolvidas, que dão direção para tudo o que se faz evitando dispersão de forças e a contradição das ações.

Política é a denomina arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa).

Nos regimes democráticos,a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.

A palavra tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em cidades-Estado chamadas pólis, nome do qual se derivaram palavras como politiké (política em geral) e politikós (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que estenderam-se ao latim politicus e chegaram às línguas européias modernas através do francês politique que, em 1265 já era definida nesse idioma como "ciência do governo dos Estados".

O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.

Nem tudo o que se faz em nossos serviços, é novidade. Há coisas que se repetem sempre e são imprescindíveis para levar pra frente nossos objetivos. Além disso, nem todos fazem a mesma coisa. Com o passar do tempo podemos estar fazendo coisas sem saber para que, só por pura repetição. Do mesmo modo, podemos estar fazendo ações diferentes sem unidade entre elas. Cada um puxando para o seu lado.

Mesmo fazendo ações diferentes podemos agir todos, todas, na mesma direção. As políticas dão direção e unidade para todas as ações. Elas nos empurram para a ação. Através das políticas pode-se descobrir a identidade de um grupo organizado.

Num processo de planejamento, o que são as estratégias?

Cada política de ação deve ter algumas estratégias que assinalam alternativas, formas ou modos diferentes de concretizá-las. Elas são formas de ação para concretizar determinadas políticas. Não pode haver política de ação sem estratégia de ação.

Estratégia são propostas ou sugestões de ação para tornar concreta determinada política.

É a forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, com base em um procedimento formalizado e articulador de resultados.

A palavra vem do grego, stratègós (de stratos, "exército", e "ago", "liderança" ou "comando" tendo significado inicialmente "a arte do general") e designava o comandante militar, à época da democracia ateniense.

O idioma grego apresenta diversas variações, como strategicós, ou próprio do general chefe; stratégema, ou estratagema, ardil de guerra; stratiá, ou expedição militar; stráutema, ou exército em campanha; stratégion, ou tenda do general, dentre outras.

O mais conhecido livro de estratégias militares e que é muito usado nas áreas de administração e marketing chama-se A Arte da Guerra, de Sun Tzu.

Rotinas ou Atividades Permanentes

A maior parte do tempo do grupo é ocupada por ações que se repetem continuamente. Sao as chamadas rotinas.

Elas são importantes porque dão o suporte para qualquer atividade que se queira fazer. Por isso, há necessidade de realizá-las planejadamente.

Elas devem ser realizadas com clareza, para algo definido.

Não podem ser feitas como ações mecânicas e formais, sem finalidade e sem compreensão humana do que se faz.

Instruções de Execução

O plano está pronto e agora?

É preciso, apresentar algumas instruções detalhadas para ver como levar em frente a execução pretendida. As instruções indicarão:

• Responsabilidades pela elaboração, execução e avaliação do plano em diferentes níveis e setores.

• Alcance do plano e sua relação com outros planos do mesmo setor, em níveis diferentes, e até com o plano global.

• Como e quem animará a elaboração dos planos anuais, num plano de médio prazo.

Avaliação

Todo o processo de planejamento se completa com a avaliação. A avaliação não é a última coisa a ser feita porque deve ser constante. É preciso ver até que ponto o grupo está sendo fiel ao que planejou e até que ponto o que foi planejado está correspondendo às necessidades da realidade sempre em contínua mudança. Por isso, a avaliação do plano deve ser feita a parte a parte e a partir do todo.

A avaliação confronta os resultados desejados (objetivos), com os resultados alcançados para analisar as causas dos acertos ou dos desvios ocorridos.

A avaliação busca, ainda, perceber as falhas e os acertos de organização e de emprego de recursos, a adaptação dos objetivos à realidade, bem como as falhas e os acertos das políticas e das estratégias.

O plano deverá determinar alguns elementos que ajudarão a fazer uma avaliação adequada.

a) Critérios de Avaliação

Constam de algumas linhas básicas expressas no plano e que servirão de base para toda e qualquer avaliação que fizermos. Esses critérios levarão em conta: 1. O plano em sua globalidade; 2. O plano em suas partes (projetos).

b) Periodicidade da Avaliação

O grupo percebe, por exemplo, que num plano trienal, a avaliação não pode ser feita somente após os três anos de execução do plano. No mínimo ela será feita: 1. No final de cada objetivo (projeto) realizado; 2. Por ocasião da preparação do plano anual; 3. Na preparação do plano trienal.

c) Instrumental de Avaliação

Um instrumental adequado de avaliação (pesquisa de campo, roteiros, questionários, caixinha de sugestões) mais ou menos unificado para todos os setores do serviço contribuirá muito para: 1. Localizar os problemas e as dificuldades que ocorreram no desenvolvimento da ação, do projeto; 2. Fazer o confronto do resultado obtido com o que foi planejado; 3. Descobrir as causas dos desvios das ações; 4. Encontrar alternativas que orientem as ações futuras.

São esses os anexos a um plano de atividades. As instruções de execução e a avaliação.

Na medida em que eles forem devidamente elaborados serão de profunda importância para que o plano, como instrumento de transformação, seja verdadeiramente uma ferramenta indispensável que auxiliará o grupo nas mudanças que perseguem em vista da concretização da Civilização do Amor: o Reino de Deus!



Emerson Sbardelotti

Estudante do Bacharelado em Teologia do Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo – IFTAV.

Turismólogo e Historiador.

Autor de O Mistério e o Sopro – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens. Brasília: CPP, 2005.

Autor de Utopia Poética. São Leopoldo: CEBI, 2007.

Coordenador teológico do Instituto João Maria Vianney – Teologia para Leigos/as – Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Cobilândia, Vila Velha-ES.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

LOGOMARCA 01 DA PJ CAPIXABA

Logomarca da PJ Capixaba:

Emerson Sbardelotti (Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Cobilândia, Vila Velha-ES - assessor e agente de pastoral leigo) pegou a bandeira do Estado do Espírito Santo, e mostrou para Thiesco (Secretário Nacional da PJ) que a montou uma cruz estilizada a partir da logomarca oficial da PJ.

Nascia assim, no dia 10 de janeiro de 2011 a Logomarca da PJ Capixaba dentro das cores da bandeira do Estado do Espírito Santo.

A Logomarca foi criada a pedido do ICJ - ES e está a disposição da PJ Capixaba para ser usada nas comemorações em torno dos seus 25 anos de caminhada no Estado do Espírito Santo, sem ônus pela utilização.

LOGOMARCA 02 DA PJ CAPIXABA

Logomarca da PJ Capixaba:

Emerson Sbardelotti (Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Cobilândia, Vila Velha-ES - assessor e agente de pastoral leigo) pegou a bandeira do Estado do Espírito Santo, e mostrou para Thiesco (Secretário Nacional da PJ) que a montou uma cruz estilizada a partir da logomarca oficial da PJ.

Nascia assim, no dia 10 de janeiro de 2011 a Logomarca da PJ Capixaba dentro das cores da bandeira do Estado do Espírito Santo.

A Logomarca foi criada a pedido do ICJ - ES e está a disposição da PJ Capixaba para ser usada nas comemorações em torno dos seus 25 anos de caminhada no Estado do Espírito Santo, sem ônus pela utilização.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS SAGRADAS ESCRITURAS - ROTEIRO DE ESTUDO 01

ROTEIRO 01


Dois Livros de Deus!

Deus escreveu dois livros para nós: o primeiro foi a VIDA!

Este livro deveria ser transparente, mas o pecado do ser humano misturou as letras, e a vida não fala nem acontece como deveria.

O segundo foi a BÍBLIA!

E por quê? Para nos ajudar a entender a vida, e a descobrir nela os apelos e os desejos de Deus!

Ler a Bíblia é lidar com um texto em que o(a) autor(a) está muito distante, é lidar com textos e autores(as) distantes. O texto está pronto, morto... Para revivê-lo precisa-se fazer perguntas a ele, e estas serão respondidas a partir do que nele se encontrar.


A Bíblia é como um espelho onde recorda-se o ONTEM, arruma-se o HOJE e se aponta pistas para o AMANHÃ.

A Bíblia é como uma daquelas carroças antigas, com rodas na frente e atrás. As rodas traseiras são o eixo ÊXODO – LIBERTAÇÃO (correspondente ao PRIMEIRO TESTAMENTO) e as rodas dianteiras são o eixo CRUZ – RESSURREIÇÃO (correspondente ao SEGUNDO TESTAMENTO).

Podemos tocar a conversa em frente com algumas perguntas e esclarecimentos:

O que significa a palavra BÍBLIA?

Palavra de origem grega, significa livrinhos, livros.

Em que LÍNGUA foi escrita?

Originalmente, a Bíblia foi escrita em três línguas: HEBRAICO, GREGO E ARAMAICO.

O Segundo Testamento foi todo escrito em grego.

A Bíblia que se tem em mãos é sempre uma TRADUÇÃO.

Quando FOI escrita?

Não foi escrita de uma vez só. O Primeiro Testamento foi elaborado num longo período de mais ou menos 1000 anos. O Segundo Testamento foi elaborado num curto período, de 100 anos. Primeiro se viveu, depois escreveu as experiências da caminhada.

ONDE a Bíblia foi escrita?

Em diferentes lugares: PALESTINA, BABILÔNIA, EGITO, ÁSIA MENOR, GRÉCIA e ROMA.

Foi transmitida e traduzida.

QUEM a escreveu?

Não foi uma única pessoa, mas várias pessoas contribuíram: mulheres, homens, idosos, jovens, pais e mães de família, trabalhadores de várias profissões, gente estudada e gente analfabeta, sacerdotes e profetas, pobres e ricos...Todos(as) unidos(as) por uma mesma preocupação: construir um povo irmão, onde reinassem a justiça, a fraternidade, a fé e o amor, e que não houvessem excluídos.

Bíblias diferentes?

Esta história vem de longe...Alguns séculos antes de Jesus aparecer e começar a sua missão, muitos judeus passaram a viver, por várias razões, em outras terras fora do território palestino, precisamente em Alexandria, no Egito, onde a língua predominante era o grego. Ao se mudarem, esta primeira geração de judeus, entendiam o hebraico de suas Escrituras e falavam o aramaico das ruas de Jerusalém; provavelmente, a segunda geração talvez com certa dificuldade o fizesse, mas a terceira geração nada sabia, só conhecia o grego.

O que fazer?

Nasceu a necessidade de se traduzir a Bíblia Hebraica, trazida pelos antepassados, para o grego. Esta tradução foi feita aos poucos e demorou muito tempo. As pessoas que escreveram os livros do Segundo Testamento, séculos mais tarde, utilizaram-se desta Bíblia Grega.

Esta Bíblia Grega foi chamada de SEPTUAGINTA OU TRADUÇÃO DOS SETENTA. Ela possui alguns livros a mais que não fazem parte da Bíblia Hebraica. São eles: TOBIAS, JUDITE, SABEDORIA, ECLESIÁSTICO, BARUC, os dois livros dos MACABEUS, e algumas partes de DANIEL e ESTER.

Os judeus acabaram ficando com duas bíblias: uma hebraica para os que moravam na Palestina e uma grega para os que viviam fora de lá.

Com o passar do tempo, os judeus do Egito escreveram mais alguns livros em grego (os que já foram citados), e a Bíblia ficou maior. Alguns judeus da Palestina quiseram comparar as duas bíblias, e fizeram uma lista (CÂNON)dos livros que para eles, eram sagrados. Ficaram de fora os tais livros escritos pelos judeus do Egito, que não deram muita importância para isso e mantiveram sua lista aberta.

Os protestantes, os pentecostais e os neo-pentecostais utilizam a versão mais curta, que é a Bíblia Hebraica, que foi traduzida por Martinho Lutero para o alemão no século XVI; nesta época acontecia a conquista do Brasil pelos portugueses.

A Igreja Católica Apostólica Romana adotou e utiliza a Bíblia Grega, de versão mais longa.

Avanços porém já foram constatados e existe, inclusive em português, uma TRADUÇÃO ECUMÊNICA DA BÍBLIA, feita por católicos, protestantes, ortodoxos e judeus (cf. TEB. São Paulo: Loyola, 1994).

É necessário lembrar que o trabalho de tradução é demorado e requer estudos aprofundados e muita dedicação para se manter fiel aos textos em hebraico, grego e aramaico, em contrapartida, possibilitar para o(a) leitor(a) uma tradução à altura do original.

PRIMEIRO E SEGUNDO TESTAMENTOS?

Ao longo do tempo, se habituou a chamar a Bíblia Hebraica de ANTIGO TESTAMENTO; ora a Palavra de Deus é sempre atual e dinâmica, não é estática nem presa ao passado.

Daí a necessidade e a urgência em que os exegetas (estudiosos) do mundo inteiro tiveram de encontrar um termo que não fosse pejorativo, todavia, dignificasse e mostrasse o respeito que se deve ter com a Palavra de Deus recebida pelo povo judeu e que os cristãos herdaram. O termo escolhido e usado tem sido: PRIMEIRO TESTAMENTO – corresponde à Bíblia Hebraica.

Em respeito ao povo judeu que ainda aguarda a vinda do Messias, os exegetas procuram usar o termo SEGUNDO TESTAMENTO para designar a história de Jesus de Nazaré e a das primeiras comunidades.

Mas as mudanças levam tempo e nossas comunidades, paróquias, dioceses, institutos de formação, pastorais e todas as pessoas que trabalham com a Sagrada Escritura usam o ANTES DE CRISTO (a.C.) e o DEPOIS DE CRISTO (d.C.), mas sugere-se usar ANTES DA ERA COMUM (a.E.C.) e ERA COMUM (E.C.).

O Primeiro Testamento é a porta de entrada do Segundo Testamento.

Somente se entende a mensagem, a prática, a pedagogia libertadora de Jesus, se em primeiro lugar, entender o que Deus disse ao povo de Israel em toda a sua história anterior ao próprio Jesus.

O Moreno de Nazaré é o cumprimento de todas as promessas feitas por Deus ao povo de Israel; esta é, a herança que recebemos.

Momento em pequenos grupos:

1. O que é a Vida para mim e para o grupo? Como escrever neste livro de Deus?
2. O que é a Bíblia para mim e para o grupo? Como entender este livro de Deus?
3. Primeiro Testamento, Primeira Aliança, Segundo Testamento, Segunda Aliança? Qual é a nomeclatura que mais chama a sua atenção e a do grupo? Por quê?

Roteiro de estudo preparado por Emerson Sbardelotti para o Instituto João Maria Vianney - Teologia para Leigos/as - Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida - Cobilândia, Vila Velha/ES - Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.








CRISTOLOGIA - ROTEIRO 01

INTRODUÇÃO A CRISTOLOGIA

ROTEIRO DE ESTUDO 01









Introdução

Essa é a questão fundante da Cristologia: Quem é Jesus?

“Quem dizem os homens que eu sou?” Essa pergunta de Jesus a seus discípulos ressoa através dos séculos até hoje e possui a mesma atualidade como quando colocada pela primeira vez em Cesaréia de Filipe .

O Evangelho de Marcos proclama (cf. 8,27-30), comparem as traduções e descubram as semelhanças e as diferenças:

Bíblia do Peregrino:
27 Jesus empreendeu viagem com seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe. No caminho perguntava aos discípulos: Quem dizem os homens que eu sou?
28 Responderam-lhe: João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas.
29 Ele lhes perguntou: E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro respondeu: Tu és o Messias.
30 Então os admoestou para que a ninguém falassem disso .

Bíblia de Jerusalém:

27 Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesaréia de Filipe e, no caminho, perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?”
28 Responderam-lhe: “João Batista; outros, Elias; outros ainda, um dos profetas”.
29 “E vós, perguntou ele, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo”.
30 Então proibiu-os severamente de falar a alguém a seu respeito .

Essa pergunta que Jesus fez há dois mil e onze anos ecoa de século em século para os cristãos de cada geração: Quem vocês dizem que eu sou? Quem é Aquele que curava até as doenças mais temidas da época, trazia os mortos de volta para a vida e libertava as pessoas da dominação do Mal? Por que matar tão cruelmente uma pessoa que andava fazendo o bem para todos? O que significa que ele voltou à vida e continuou a encontrar-se com seus seguidores?

A resposta a essa pergunta não pode ser simplesmente acadêmica. Não há definição teológica que esclareça as perguntas apresentadas a pouco. A resposta deve nascer da fé de um povo cristão peregrino. Existem situações políticas, sociais, religiosas, culturais e até antropológicas e psicológicas que exigem uma resposta aprofundada à antiga pergunta do Evangelho: Quem vocês dizem que eu sou?

Somos herdeiros de uma grande tradição. Nas Escrituras encontramos a Palavra de Deus e as respostas de fé dos primeiros cristãos. Herdamos também os escritos dos primeiros Padres da Igreja e dos grandes teólogos da Idade Média. Nos tempos modernos, antes e depois do Concílio Vaticano II, recebemos os livros de grandes teólogos que eram, ao mesmo tempo, pessoas santas e fiéis à tradição.

Agora, cinqüenta anos depois do Concílio, devemos enfrentar novas crises, exigências e desafios. O Espírito Santo exige de cada cristão e da Igreja toda uma resposta cristológica pessoal traduzida tanto em palavras quanto em ações.

Os primeiros cristãos tinham a mesma fé em Jesus, mas havia uma variedade de ênfases na maneira de exprimi-la:

Paulo: Jesus é o Cristo Crucificado e Ressuscitado.

Marcos: Jesus é o Messias Sofredor.

Mateus: Jesus é o novo Moisés, ele ensina a nova Lei.

Lucas: Jesus, cheio do Espírito Santo, é o Senhor de todos.

João: Jesus é a Palavra de Deus Encarnada.

Os escritores do Segundo Testamento aprofundaram a Cristologia a partir daquilo que Jesus fez no seu ministério e como ele nos salvou. Nos séculos posteriores, os teólogos gregos foram mais ontológicos, isto é, interessavam-se mais em quem era este Jesus que nos poderia salvar? Qual era a relação dele com o Pai? Ele era igual ao Pai? O Concílio de Nicéia afirmou que Ele era verdadeiro Deus, um no ser com o Pai. E o Concílio de Constantinopla definiu que a sua humanidade era genuína e integral.

Na Idade Média, os teólogos mais influentes aprofundaram e explicaram a Cristologia dos grandes Concílios Ecumênicos, especialmente o Concílio de Calcedônia.

Nos últimos duzentos anos houve uma revolução nos estudos sobre o Jesus histórico. Até então os evangelhos eram lidos como biografia. A partir daí, os estudiosos, começaram a lê-los como teologia. Essa mudança exigiu uma conversão .

Cristologia a partir do Nazareno

Encarnação como termo e não como começo da Cristologia.

A encarnação é o ponto de chegada, não o ponto de partida. É a culminância de todo o processo cristológico que começa bem embaixo com a pergunta que já as massas, tomadas de admiração e perplexidade, apresentavam: quem é esse? (cf. Mt 8,27; Mc 4,41; Lc 8,25). A base de tudo é o impacto que o Jesus histórico produziu: sua palavra com força, sua gesta libertadora, sua liberdade face à lei, sua autoridade soberna, depois, sua morte vergonhosa e sua ressurreição gloriosa. Tais fatos, especialmente a ressurreição, radicalizaram a pergunta que todos, apóstolos e discípulos, se planteavam: afinal quem é o Jesus que nós conhecemos e que “ouvimos e que vimos com nossos olhos e que nossas mãos apalparam” (1Jo 1,1)?

Os mais de cinqüenta títulos atribuídos a Jesus, dos mais simples – como mestre, profeta, bom – até os mais sublimes – como Filho de Davi, Filho do Homem, Filho de Deus, Salvador e Deus – visam dar conta da perplexidade e das interrogações suscitadas nas comunidades. Num espaço de tempo de quarenta ou cinqüenta anos após sua morte e ressurreição, Jesus atraiu para si todos os títulos de honra e glória humanos e divinos que circulavam pelo Império Romano. A esse processo de decifração chamamos de cristologia ontem e hoje, processo ainda inacabado, pois não terminamos de entender cabalmente a realidade do Nazareno vivo, morto e ressuscitado.

É preciso esclarecer o que se entende por “Jesus histórico” e por “Cristo da fé”. “Jesus histórico” é o Jesus que pode ser reconstituído pela investigação histórica, aquele homem que viveu e morreu na Palestina do século I, ocupada na época pelos romanos. Já o “Cristo da fé” é aquele anunciado pela Igreja depois da Páscoa, o Cristo dos símbolos de fé e das declarações dogmáticas.

É fácil perceber que esta distinção entre “Cristo da fé” e “Jesus histórico”, não é própria do Segundo Testamento nem da tradição eclesial posterior. Ela só aparece e se desenvolve no mundo moderno, com suas exigências de cientificidade, especialmente no campo da história .

Cristologia é um tratado de teologia, e define-se como o estudo e a discussão a respeito de Jesus de Nazaré, ou de Jesus como o Cristo.

1. Jesus como o Cristo – ênfase na divindade de Jesus – filiação divina, pré-existência – teoria da escola de Alexandria (cf. Jo 1, 1-18) – cristologia descendente.

2. Cristo como Jesus – ênfase na humanidade de Jesus – historicidade, seu caminhar na sociedade de seu tempo orientado para o Reino. Do histórico para o divino. É a teoria da escola de Antioquia (cf. Fl 2,6-11) – cristologia ascendente.

Significados: Messias – Cristo: Ungido – Consagrado (é um título e não um nome próprio – quem recebia era o rei, o profeta e o sacerdote).

Meshiah / Mashiah - Hebraico
Mshecha - Aramaico
Khristós - Grego

Bibliografia utilizada:

BÍBLIA DE JERUSALÉM. 3.ed. rev.at.São Paulo: Paulus, 1994.

BÍBLIA DO PEREGRINO. São Paulo: Paulus, 2000.

BOFF, Leonardo. Jesus Cristo Libertador. Petrópolis: Vozes, 1972.

RUBIO, Alfonso Garcia. O Encontro com Jesus Cristo Vivo – um ensaio de cristologia para nossos dias. 11.ed.São Paulo: Paulinas, 2007.

VV.AA. A História da Palavra II. São Paulo: Siquem / Paulinas, 2005.

VV.AA. Descer da Cruz os Pobres – Cristologia da Libertação. São Paulo: Paulinas, 2007.


Roteiro criado por Emerson Sbardelotti para as aulas de Introdução a Cristologia no Instituto João Maria Vianney - Teologia para Leigos/as - Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida - Cobilândia, Vila Velha - Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.