TEOLOGIA
DA LIBERTAÇÃO
encontros
para grupos de jovens da Pastoral da Juventude
Encontro 1: A
ORIGEM
Preparando o
ambiente: A bandeira da PJ
aberta no chão; almofadas para os membros do grupo se sentarem; ao centro a
Bíblia aberta em Lc 24, 13-35; música instrumental; incenso.
Oração inicial: Ofício Divino da Juventude (nova edição).
No momento da
proclamação da leitura bíblica, usar a indicada acima, usar a Bíblia Pastoral,
ou a de Jerusalém e ou a do Peregrino. Se preparada com antecedência poderá ser
encenada, usando todos os espaços do local onde se reúne o grupo.
Dinâmica: A origem de cada um, de cada uma.
Cada
participante receberá uma folha em branco e uma caneta e escreverá ali a sua
árvore genealógica: bisavós – avós – pais – tios – primos – irmãos, etc.
Enquanto escrevem, escutam a música PARATODOS (Chico Buarque), com o fim da
música quem coordena observa se todos já terminaram, se não, toca novamente a
música. Ao término, todos se apresentam e apresentam sua árvore genealógica.
Para início de
conversa: Como nasceu a
Teologia da Libertação?
A Teologia da Libertação ou TdL,
nasceu da herança profética do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) que
ao voltar às fontes da fé cristã, fez com que a Igreja espalhada pela América
Latina e Caribe, a partir da Conferência de Medellín (1968) relesse e revisse
sua história a partir da pedagogia e prática libertadora do Moreno de Nazaré e
se deixasse inundar por sua Palavra e por suas ações, tomando a decisão de se
colocar ao lado dos Pobres; esta decisão incomodou os poderosos, que não
tiveram dúvidas que para calar a muitos a solução seria responder com violência
e assassinatos. O contexto era o das ditaduras militares na América Latina e
Caribe patrocinadas pelos Estados Unidos.
Em
suma, uma teologia contextualizada ligada a dois eventos fundamentais da Igreja
– ao Vaticano II e sua teologia – e à Conferência de Medellín. A Igreja do
Continente vivia sob o impacto dos movimentos sociopolíticos de libertação, da
teoria da dependência, da pedagogia de Paulo Freire e de outros fatores
culturais.
Antes do Vaticano II se assistia à missa. Depois dele se participa da celebração eucarística. Quem
assiste comporta-se passivamente. Quem participa, atua. Quem diz missa, pensa
num rito pronto. Quem fala de celebração eucarística, entende-se envolvido num
momento de vida; já diria o saudoso padre João
Batista Libanio.
No final da década de 1960, o padre
dominicano Gustavo Gutiérrez, nas
periferias de Lima, no Peru, em suas assessorias no meio daquela gente simples
ia trabalhando uma ideia baseada na situação real dos pobres. Gutiérrez via
neles o rosto do Cristo crucificado, do Cristo desprezado pelos seus, do Cristo
desfigurado...como tantos rostos espalhados pelo Continente. Era preciso
libertá-los. Com a Conferência de Medellín, tendo Gutiérrez sido um dos
teólogos especialistas a participar dela, sabedor de que ali estava se
colocando em prática o aggiornamento
querido pelo Santo João XXIII, e as propostas do Concílio, principalmente
aquelas brotadas da Constituição Pastoral Gaudium
Et Spes.
A Gaudium et spes ousou em
termos conciliares em ser o primeiro documento na história da Igreja em que um
Concílio toma posição em face das realidades terrestres, de maneira positiva,
sob a perspectiva da fé. Vê nelas a presença criadora e salvadora de Deus.
O conflito interpretativo dava-se entre a visão conservadora que dividia a
realidade humana em natural e sobrenatural e a visão integradora e integrada da
Transcendência e imanência. Na primeira perspectiva entram os movimentos
espiritualistas daquele tempo e os movimentos religiosos de hoje em dia,
enquanto a Teologia da Libertação insere-se nas esteiras da segunda. Tão forte
o dualismo impregna a mente tradicional e fundamentalista que até hoje persiste
tal tensão.
Gustavo Gutiérrez lança as bases em 1971
com a obra prima Teologia da Libertação –
Perspectivas (que define o método e as principais pautas temáticas).
Deslocando o acento da teologia como sabedoria, como saber racional, para a
forma de reflexão crítica da práxis. Afirma-se como um novo modo de fazer
teologia e não como tema ou tratado teológico.
Em 1970, o frei Leonardo Boff lançará o livro O
Cristo Cósmico, que passará despercebido. Mas seu próximo livro Jesus Cristo Libertador, juntamente com
o de Gutiérrez irá abrir corações e mentes para a teologia latina americana e
caribenha que estava ganhando espaço: a Teologia da Libertação. O próprio
Gutiérrez confessou várias vezes que as intuições originárias da Teologia da
Libertação nasceram no Brasil da década de 1960 por conta da crítica consciente
feita em vários ambientes dentro e fora da Igreja, e como eles se coligavam.
Ainda na década de 1970, o frei Clodovis Boff elaborará, em termos mais
profundos, a metodologia da TdL, dando-lhe um estatuto teórico sólido.
Segundo o padre Juan Luis Segundo, a
originalidade da TdL consiste em não buscar uma simples melhor compreensão da
fé cristã diante da problemática intelectual do momento presente. Mas ir mais
longe. Foi antes de tudo, uma libertação da teologia dos moldes europeus para
responder a nossa situação. Por isso, ela parte dos problemas da América
Latina.
Iluminando com a
Palavra:
Lc
4, 14-30.
Partilhando a
Palavra:
Jesus retorna a Galileia com a
força do Espírito e sua fama se espalha por todas as regiões, inclusive na sua
pequena Nazaré. Na sinagoga, num sábado, proclamou uma profecia de Isaias e ao
final ele diz com toda calma e alegria: “Hoje
se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir.”
Os próprios compatriotas não acreditaram
nele e quiseram lhe fazer o mal.
Será que toda novidade, toda nova
visão da realidade, prejudica a caminhada da comunidade?
Como entendemos hoje esta profecia
de Jesus?
Compromisso da
semana:
Procurar artigos e textos que falem
e expliquem a origem da Teologia da Libertação no Brasil e na América Latina e
Caribe, sobre o Concílio Ecumênico Vaticano II e sobre a Conferência de
Medellín. Ler os artigos e textos e anotar os pontos principais, como também as
dúvidas. Elas serão colocadas em comum no próximo encontro.
Se programe e compre estes dois
importantes livros:
GUTIÉRREZ, Gustavo. Teologia da Libertação: Perspectivas.
São Paulo: Loyola, 2000.
BOFF, Leonardo. Jesus Cristo Libertador. Petrópolis: Vozes, 2012.
Blogs de apoio e
pesquisa:
Nestes dois blogs há vários textos
dos principais teólogos da libertação em atividade.
Ajudando a
refletir:
- Qual
foi a importância do Concílio Ecumênico Vaticano II para a origem da
Teologia da Libertação?
- Qual
foi a importância da Conferência de Medellín para a origem da Teologia da
Libertação?
- A
Teologia da Libertação é antes de tudo uma libertação da teologia.
Explique.
Emerson Sbardelotti
Mestrando em Teologia Sistemática pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo
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